segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Recomeçando

Cumprindo a promessa de escrever algo todos os dias, hoje tive pouco de minimalita, o que , por um lado, é bem positivo. Afinal, "pouco" é "muito" bom. Haha.
Hoje acordei cedo e consegui escrever um post para o Lar Montessori. O método? Isolar um objetivo e focar nele, com coragem. Foi um post longo e até um pouquinho trabalhoso, mas já recebi algumas respostas muito positivas.

A partir de amanhã, resolvi retomar algo que fiz há anos e foi maravilhoso para meu corpo e minha alma: diminuir drasticamente o consumo de açúcar. A partir de amanhã, passarei exatamente uma semana sem ingerir doces e nada que contenha açúcar óbvio: sucos, vitaminas, iogurtes, chás ou cafés açucarados. Vou ingerir açúcar como componente da massa de pães, tortas e macarrão, certamente, mas só. Vamos ver o que acontece? Amanhã começo com a série de posts "Açúcar 7", em contagem regressiva!

Até,
Gabriel

domingo, 11 de novembro de 2012

Things going wrong...

   Eu não sei se alguém além de mim está seguindo estes posts, mas se está, deve ter sentido, como eu, que estou ausente há muito tempo. Não gosto disso e poderia culpar o fim do semestre. Mas seria mentira. A verdade é que meus planos minimalistas foram, em parte, por água abaixo.

   Minha mochila está cheia de novo, minha mesa atulhada de livros (isso é culpa do fim do semestre) e eu falhei em comer só frutas nos últimos três finais de semana. Sobrevivi até as 22h ou 23h, mas aí sucumbi a: 1. Pizza no primeiro fim de semana; 2. Batata frita no segundo fim de semana e 3. Macarrão no terceiro fim de semana.

   Hoje é o quarto fim de semana e eu vou daqui a pouco ao Pé no Parque, um restaurante natural, para ver se sobrevivo com algo gostoso feito a base de frutas. Porque só frutas mesmo e um tipo de castanha (que é o que há em casa) não está dando!

   Então, eu estou escrevendo mais para mim que para vocês e me comprometendo a fazer disso um di-á-rio. Pelo menos uma vez por dia quero passar aqui e contar o que de minimalista eu consegui incorporar à vida. Vai ficar um pouco repetitivo, porque o minimalismo também é sobre menos novidades... mas vamos tentar.

   Fica aqui o compromisso e, se em alguns dias nada for minimalista, é isso o que vou dizer! Good luck for all of us! ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A parte boa!

   No post anterior eu desabafei. Eu não gosto de fazer isso, mas achei que seria útil para quem estivesse começando a paquerar o minimalismo. Eu gostaria muito que meus professores de tudo o que fiz tivessem dito para mim no começo das aulas as dificuldades que enfrentaram para aprender. Eu não me coloco na posição de professor, mas na posição dos colegas que de fato vieram até mim e contaram as complicações do aprendizado. Eles me ajudaram muito, com dicas, depoimentos, e bastante também com um "É assim mesmo, especialmente no começo, mas fica tranquilo que melhora".

   Quando eu escrevo no Lar Montessori, preciso ser muito cauteloso. Minha opinião lá é relevante para a criação de muitas crianças, e eu me coloco na posição de alguém que estuda um assunto e pelo menos dentro dele sente-se à vontade para dizer como, quando e porquê. Aqui não, aqui é um diário e eu só estou contando experiências. Por isso, o post anterior, apesar de ser um desabafo, pode ser relevante e até inspirador, para aqueles que gostam de desafios. Mas vamos ao que interessa.

A parte boa.

   Eu emagreci. Não perdi barriga, porque apesar de estar andando mais, eu não faço caminhadas decentes. Mas eu emagreci. Estou fisicamente mais leve. Mas mais importante que isso, estou emocionalmente muito mais leve.

   O minimalismo me faz andar mais, sorrir mais, ouvir mais. Me faz perder menos tempo inutilmente e ganhar mais tempo de forma útil. Me faz ter uma mesa muuuuito mais livre, uma mochila mais leve, usar menos casacos e sentir mais o ar na pele, que faz tão bem.

   Há alguns dias, uma amiga disse: "Tem alguma coisa diferente no seu rosto. Parece que você está mais leve, mais limpo... não que antes estivesse sujo...". Não tinha nada, nada diferente. Cabelo com gel, cavanhaque, o resto da barba feita, óculos. Tudo normal. Mas no dia anterior eu tinha feito meditação, e naquela manhã havia feito o Surya Namaskar e meditação de novo. Estava mesmo mais limpo e mais leve, mas foi a primeira vez que isso apareceu na pele.

   Não é sempre perfeito, não é sempre que eu consigo levar as coisas da forma ideal. Mas quando eu consigo, isso aparece no meu sorriso, durante todo o dia. Aparece na minha mesa, na minha mochila, na minha comida, nas caminhadas curtas entre a faculdade e o trabalho. Aparece na minha disposição para trabalhar melhor, na vontade de servir aos outros, na qualidade das explicações que dou aos alunos. Aparece em tudo.

   Então, queridos, o minimalismo vale a pena! No próximo post, vou escrever sobre como descobri, com o Dalai Lama, como comer muito pouco e me sentir muito bem. Não dá para fazer todo dia. Aplico um dia por semana. Mas no dia seguinte, aparece em tudo.

   Abraços!

Até agora, e contando

   Não tá fácil. Estou andando sem garrafas d'água e está calor. Está chegando o fim do semestre com os trabalhos de faculdade e estou tentando manter cinco horas de sono por noite, em geral ficando com sete e meia. Estou levando sanduíches de casa para almoçar, que são menos saborosos, mas mais saudáveis que os da lanchonete. Levo frutas para o lanche da manhã, que como ao cheiro dos salgados da cantina. Troquei o café pelos chás e pelos sucos, mesmo quando estou com sono, para tirar de corpo o vício de só acordar com cafeína. Estou caminhando muito mais (o que nem de longe quer dizer que estou caminhando muito) e escolhi justamente o verão para fazer isso.

   Enfim, o minimalismo está mostrando suas garras, e eu estou com vontade de agarrá-las e com medo de encarar a fera. Meu professor de flauta transversal disse esses dias, quando treinávamos uma música difícil para mim, que sou iniciante: "É, você estava achando que ia ser tudo fácil?". Sinto a Jéssica, do Minimal Student, dizendo isso para mim todos os dias, acompanhada pelos outros blogueiros que têm me ajudado bastante. E eu respondendo: "Estava sim! Crente, crente!".

   Eu achava que ia ser só manter a mesa arrumada, comer menos, caminhar mais, levar menos coisas na mochila. Sucintamente, achava que ia ser só ter menos e gastar menos. Isso também está sendo um desafio (já deixei de comprar cinco ou seis livros e alguns cafés por causa dessa parte), mas isso é de tudo o mais fácil. O mais difícil é a parte de brigar menos, falar menos, compartilhar menos. É o comportamento mesmo.

   É complicado racionalizar tudo o tempo inteiro. É difícil esvaziar a caixa de e-mails. É dolorido se desapegar de algumas coisas. É dolorido se desapegar de pessoas. Tê-las por perto, por prazer e vontade, mas sem precisar delas. Tudo isso é bom, mas é dolorido. Não porque machuque, não machuca. Você já fez uma aula de Educação Física longa e difícil? Já fez Yoga? É essa dor. Aquela dor de uma posição que exige força e na qual você permanece por mais tempo do que havia permanecido ontem. E o esforço dói. Você nunca tinha sentido aquela dor antes, porque é um músculo que nunca havia sido usado. Você não conhece essa dor, mas sabe que é a dor do desafio e que ela vale a pena tanto pelo presente quanto pela consequência futura. Mas nada disso anula o fato de que é uma dor, e você gostaria de sair da posição e ir logo para a parte do relaxamento.

   Só que com o minimalismo, o relaxamento pode demorar alguns anos para chegar.

   Falando desse jeito pode parecer que são só dores, lamentos e tristezas e o minimalismo não vale a pena. Não é isso, foi a melhor escolha que fiz nos últimos muitos anos. Desde que escolhi entrar para uma escola de Yoga (da qual eu já saí há uns anos também). Mas este artigo está muito comprido, eu vou encerrar por aqui e escrever outro logo acima, explicando a parte boa! ;)
   

Aprendendo com Sua Santidade, o Dalai Lama

   Depois de algum tempo procurando viver com minimalismo, esbarrei no livro A Arte da Felicidade, de Sua Santidade, o Dalai Lama. O li muito rapidamente, e preciso reler logo. Mas algumas coisas me encantaram. A simplicidade do raciocínio de Sua Santidade é espantosa, e demonstra uma vida de simplificação de princípios complexos e desafiadores tanto do ponto de vista filosófico quanto do espiritual e do político. Como todos sabemos, ele é o líder do governo Tibetano no exílio, ao mesmo tempo que é a referência máxima viva do budismo tibetano e também Prêmio Nobel da Paz.

   Terminando A Arte da Felicidade, que li em papel e não na edição que compartilho aqui, disponível gratuitamente online, fiquei com vontade de entender melhor o que o mestre budista dizia e compreender de forma um pouco mais aprofundada as referências que ele só cita rapidamente nesse livro. Por isso, fui atrás de outras obras do escritor, e descobri um livrinho de bolso barato e fácil de achar: Nas Minhas Palavras. O que o livro tem de barato e disponível, tem de difícil, de complexo e de interessante.

   Em A Arte da Felicidade, Sua Santidade explica que tudo o que todos os seres humanos desejam é que

sejam felizes e não sofram.

   A partir desta premissa, o líder espiritual traça longas explanações sobre como evitar o sofrimento e alcançar a felicidade. Segundo ele, satisfazer desejos materiais (de aquisição ou conquista física) só leva ao nascimento de novos desejos. Assim, a satisfação das vontades não é a chave para a felicidade. A extinção dos desejos e de sentimentos negativos, como a raiva e o ódio seria, sim, o verdadeiro caminho para uma vida leve e feliz.

   O porta-voz tibetano (minhas referências estão acabando) explica uma maneira simples de extinguir a raiva e o ódio: em nossa natureza mais fundamental, tudo o que queremos é alcançar a felicidade e não sofrer. Assim, quando alguém nos fizer algo que pareça ser negativo, na verdade esta pessoa está somente buscando, ainda que de forma errada, a felicidade. E está, em sua visão, evitando o sofrimento. Por esta pessoa ser igual a nós ela tem todo o direito de tentar ser feliz, e não devemos odiá-la por isso. Podemos não desejar que ela aja de certa forma conosco, mas odiar a pessoa é irracional e descabido.

   A outra proposta do Lama é que exercitemos a paciência e a tolerância. Ele nos diz que este é o caminho para a o desenvolvimento da compaixão que, por sua vez, leva à felicidade e à extinção do sofrimento. Para o mestre budista, não devemos nos enfurecer com as pessoas que nos atingem negativamente por dois motivos. Um deles é bastante filosófico, e o outro tem a ver com a crença oriental:

Primeiro, em vez de sentirmos raiva para com aqueles que a provocariam em nós, devemos ser-lhes gratos, já que essas pessoas nos dão a chance única e especial de praticar a paciência e a tolerância, e assim chegar à compaixão e à felicidade. Este é o primeiro motivo.

O segundo motivo de gratidão para com nossos ofensores é que eles nos ajudam a vencer o karma de vidas passadas, ou mesmo o desta vida. Por meio do exercício da paciência e da tolerância, desenvolvemo-nos espiritualmente e queimamos o karma que nos cabe, aumentando, assim, a chance de um nascimento mais auspicioso em uma próxima encarnação.

   É claro que está sendo um desafio, mas um desafio extremamente agradável. Eu ainda não consigo ser grato aos que me enfureceriam. Mas eles não me enfurecem mais. A técnica prática para isso? Quando você estiver a ponto de sentir raiva, ou achar que esse momento vai chegar logo, feche os olhos. Conte até vinte (estou sendo literal aqui, como ele foi. Um, dois, três... até vinte) e preste muita atenção na sua respiração. Lembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. Seu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. Lembre-se de tudo isso. Lembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. Lembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você, e que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. Conte até vinte, respire, preste atenção na respiração, lembre-se de tudo isso. É difícil, mas não demora e nos sentimos melhor depois de conseguir. Vale a pena.

Um. Respire. Dois. Respire. Três. Lembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. QuatroSeu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. CincoLembre-se de tudo isso. SeisLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. SeteLembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você. OitoE que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. NoveRespire. DezRespire. OnzeLembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. DozeSeu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. TrezeLembre-se de tudo isso. QuatorzeLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. QuinzeLembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você. DezesseisE que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. DezesseteLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. DezoitoTente sentir gratidão por esta pessoa lhe dar esta oportunidade. DezenoveTente de novo. VinteRespire e abra os olhos.

   Incrível como funciona, não é?